25 janeiro 2013

A acessibilidade de estabelecimento comercial

Elisa Prado* | Vida Mais Livre | out 2012
Meu estabelecimento precisa ter acessibilidade? - parte 3: comércio e serviço.

Imagem ada.gov.br
Em continuidade aos textos anteriores postados aqui no Vida Mais Livre, agora quero falar de se garantir o acesso às lojas, restaurantes, serviços e comércios em geral.

Já sabemos que em questão de direitos, as pessoas com deficiênciatêm os mesmos direitos que qualquer outro cidadão. Então, fica claro que não se pode criar limites e áreas inacessíveis. O empresário esperto e atento vê na acessibilidade a oportunidade de ampliar seu potencial de atendimento e ganhar clientes fiéis.

Porque ter barreiras, como degraus, e impedir a entrada de mais pessoas no meu comércio ou serviço? Não faz sentido, certo? A eliminação do degrau na entrada irá ser benéfica para usuários decadeiras de rodas, mas também para famílias com carrinho de bebê, idosos e acidentados, e de forma mais ampla, a todos nós, pois todos se sentirão mais bem-vindos pela facilidade disponibilizada.

Temos que lembrar que o cliente quer, na medida do possível, ter autonomia. Ter que necessitar de ajuda para seu deslocamento, geralmente, irá desgastá-lo e constrangê-lo. Apoio, suporte e atenção podem ser positivos, claro, mas quanto mais o espaço estiver apto a recebê-lo, mais natural e prazerosa será a experiência no seu estabelecimento.

A seguir, um roteiro simplificado para o empresário ou gestor, realizar uma primeira avaliação do local:

1. Acesso entre a calçada e o local: verificar se há qualquer degrau ou desnível, pois por menor que seja, pode ser uma barreira; criar rampas ou instalar equipamentos que permitam o acesso ao interior de forma digna.

2. Estacionamento: vagas reservadas na frente do estabelecimento ou em estacionamento próximo incentivam a presença de pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida que se utiliza de veículo próprio para o seu deslocamento; essas vagas precisam ter uma faixa lateral livre para que a pessoa possa entrar e sair do carro com seu equipamento.

3. Circulação interna: corredores com 1,20m de largura, livres de barreiras, permitem a passagem de cadeiras de rodas, mães e pais com crianças ao lado e idosos com bengalas ou andadores.

4. Sanitários: um sanitário amplo, com barras de apoio, bacia mais alta, lavatório sem gabinete ou coluna, será fundamental para pessoas em cadeiras de rodas e idosos, e um facilitador para pais com carrinho de bebê ou com crianças.

5. Balcão de pagamento: espaço para se aproximar do balcão, altura que permita alcance para preencher o cheque ou colocar a senha na máquina de cartão, e que garanta contato visual com o atendente.

Para lojas de roupas, ainda deve-se pensar em um provador com porta com no mínimo 0,80m de largura e espaço para circular as cadeiras. O vendedor pode ajudar o cliente cego descrevendo as roupas, nos seus cortes, tecidos, cores e estampas. Assentos colocados dentro da loja servem de apoio para idosos descasarem.

Em restaurantes, deve-se dar o conforto necessário para cada característica do cliente. Algumas coisas já são pensadas como ofertar cadeirões para crianças. Faltam, por vezes, mesas adequadas para usuários de cadeira de rodas, cadeiras mais largas e resistentes para obesos e com braços para facilitar ao idoso se levantar. Se for sistema tipo autosserviço, atenção à altura e à circulação próxima a esse balcão. Para os clientes cegos oferecer cardápios em braile atualizado e descrever o prato colocado à frente.

Em mercados e farmácias, os produtos devem estar expostos na vertical em vez de na horizontal, como se costuma fazer. Assim um mesmo produto fica ao alcance de pessoas mais baixas e mais altas, em cadeiras de rodas ou em pé.

Essa preocupação com o cliente com certeza trará retorno para o empresário. Pois, lembre-se, a pessoa com deficiência não está sozinha. Seu círculo de amizade e familiar também buscará ambientes inclusivos para ir. Uma vez que a pessoa foi sensibilizada e conhece a necessidade desse grupo sempre terá essa preocupação.

* A autora: é arquiteta formada pela Universidade Mackenzie e mestranda pela FAU-USP, em São Paulo. Trabalha na Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência da Prefeitura de São Paulo

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