Mariana Bonora, Megui Donadoni, Natália Clementin e Gláucia Souza | G1 | 20.01.12
Em Bauru há um Núcleo de Informações sobre Deficiência. Já Sorocaba conta com Associação que realiza atividades de inclusão.
Os deficientes visuais ganham grande reconhecimento no interior de São Paulo, seja em programas educativos, programas de reabilitação e até mesmo em programas de readequação estruturais. Com esse planejamento, muitos portadores dessa deficiência encontram ajudas, desenvolvem novas habilidades e conseguem assimilar informação.
Na Universidade Sagrado Coração (USC) em Bauru, interior de São Paulo, existe um Núcleo de Informações sobre Deficiência, que disponibiliza serviços que envolvem: Unidade de Musicografia Braille (UMB), Biblioteca Virtual, Consultorias e Assessorias, Integração com outras redes nacionais e internacionais, realização de eventos, produção de material em diferentes mídias, entre outros.
O local é usado por alunos da universidade que possuem qualquer tipo de deficiência, mas também é aberto ao público em geral, que através de um valor de R$ 30 por ano, pode usar os aparelhos do local. “O local funciona como uma sala de apoio que é usada também pelos municípios da região, que direcionam para cá os alunos com necessidades especiais”, explica Claudio Corradi, que foi coordenador por mais de dez anos e hoje dá apoio as atividades desenvolvidas pelo Núcleo.
Segundo Corradi, o intuito é fornecer ajuda e informação, assim como ferramentas pedagógicas para que estas pessoas tenham as mesmas condições que qualquer outro aluno. Outra facilidade que o local dispõe é o serviço de monitoria. Assim que o aluno é matriculado na universidade, ele recebe o convite para trabalhar como monitor e cuidar de um aluno com necessidades especiais, ajudando na mobilidade e nas tarefas.
USC | Foto Guilherme Martins G1 |
“Como resultado do serviço, o aluno recebe uma remuneração em forma de bolsa de estudos, que varia de acordo com o tempo disponível que o aluno realiza o serviço”, diz Corradi.
A ex-aluna Claudice Matias Oliveira Grin foi auxiliada nesta iniciativa. Ela tem deficiência visual de nascença. E com o trabalho desenvolvido pelo Núcleo conseguiu realizar seu sonho de ingressar na faculdade e se formar em psicologia. “Sempre tive o sonho de estudar, mas minha infância foi muito humilde e difícil. Lembro que meus irmãos iam à escola enquanto eu ficava memorizando as lições deles”, conta.Ela relembra o momento em que concluiu o curso e ganhou o diploma. “Tive vontade de gritar de emoção, porque eu nunca imaginei que um dia conseguiria! Graças a Deus realizei um sonho e pude dar orgulho à minha família. Todos vieram para a minha colação de grau”, conta.
Para Corradi, as pessoas com necessidades especiais só precisam de uma oportunidade. “Se eles tiverem uma chance, voam longe, porque são dedicados e comprometidos. Às vezes uma empresa fica receosa com as adaptações que são necessárias ao se contratar um deficiente, mas eles rendem mais do que se imagina”, e complementa. “Quando tratamos todos de forma igual, fazemos a análise certa”.
á na região de Sorocaba, os deficientes visuais podem encontrar apoio na Associação Sorocabana de Atividades para Deficientes Visuais (Asac). A entidade beneficente, de caráter filantrópico, trabalha na habilitação e na reabilitação do deficiente visual, através de treinamentos específicos, proporcionando conhecimentos para o desempenho de diferentes tarefas.
Uma das propostas levantadas pela associação é promover cada vez mais a integração dos deficientes visuais na sociedade e do reconhecimento de seus direitos de cidadania.
Sorocaba |
A Associação possui uma equipe multidisciplinar composta de terapeuta ocupacional, Pedagoga, psicóloga, professor de praille, técnica em orientação e mobilidade psicóloga, assistente social, artesanato e informática.
De acordo com Daniely Oliveira, funcionária da entidade, os deficientes normalmente vão até o local por iniciativa própria ou por encaminhamento médico. Como requisito de controle, é feito um cadastro e depois uma triagem pelos profissionais da Associação. Nesse momento é definido em qual atividade o deficiente se encaixa. A funcionária ainda relata que as atividades são tanto individuais quanto em grupo, e que se adaptam de acordo com o grau de deficiência apresentada. A entidade trabalha com atendimentos contínuos e até dezembro de 2011 contava com 130 deficientes visuais que se beneficiavam dos 'tratamentos'.Ainda na região de Bauru, outras iniciativas têm facilitado a locomoção de pessoas com deficiência visual. Em Jaú, um projeto pioneiro da Prefeitura por meio da Secretaria do Direito da Pessoa com Deficiência e Idosos, em parceria com uma empresa privada, instalou um dispositivo no transporte coletivo do município.
“O sistema é bem simples. A pessoa que tem deficiência visual ou baixa visão adquire um transmissor que tem uma tecla de navegação onde ela programa as linhas que utiliza e quando o ônibus da rota selecionada está próximo ao ponto, o motorista é avisado, por meio de ondas eletromagnéticas de baixa frequência, que tem uma pessoa com deficiência visual à espera do veículo então emite o aviso sonoro com o nome da linha, por meio de uma caixa de som acoplada ao ônibus”, explica Estevam Rogério da Silva, gerente da secretaria.
61 veículos são adaptados | Foto: prefeitura Jau |
O gerente explica ainda que a cidade adquiriu 50 transmissores e atualmente 39 pessoas usam o aparelho, entre elas 37 são deficientes visuais e dois casos são de baixa visão e pessoas que não conseguem ler os letreiros dos ônibus. “Os transmissores são oferecidos gratuitamente para as pessoas de baixa renda comprovada”, completa Estevam.
Os 61 ônibus coletivos de Jaú são equipados para oferecer o serviço e de acordo com Estevam a aprovação é geral. “O sistema é muito importante para as pessoas que querem ter independência e a mobilidade garantida. Jaú foi pioneira na implantação e esse objetivo, de auxiliar na independência da pessoa com deficiência tem sido alcançado”, ressalta.
Os interessados devem procurar a Secretaria de Direitos da Pessoa com Deficiência e Idosos com os documentos pessoais (RG e CPF), um comprovante de residência e da renda familiar (que não pode ultrapassar um salário mínimo por pessoa) e o laudo médico .
Já na cidade de Marília, a mobilidade das pessoas com deficiência visual é facilitada nas ruas do Centro por semáforos de pedestre que emitem o sinal sonoro quando termina o tempo de travessia dos pedestres e é liberada a passagem dos veículos.
De acordo com a Emdurb, autarquia responsável pelo sistema, os semáforos com o dispositivo foram instalados há 10 anos e a Prefeitura estuda formas de ampliar o serviço para outros pontos críticos da cidade. Atualmente, o semáforo funciona em três cruzamentos da Avenida Sampaio Vidal – com as ruas Prudente de Morais, 9 de julho e Dom Pedro.
Semáforo com Dispositivo Sonoro | Foto TV Tem |
“Lembrando ainda que Marilia tem o Gaoc, Grupo de Apoio e Orientação à Cidadania, e que mantém agentes permanentes nos locais com maior fluxo de pessoas e veículos, e que estes, sempre que possível, auxiliam a travessia de idosos, deficientes e crianças nos principais cruzamentos do centro”, ressalta Fernando Alves, assessor de imprensa da autarquia.
A assessoria informou ainda que Prefeitura abriu licitação para, ainda no primeiro semestre deste ano, adquirir mais 19 jogos de semáforos mais modernos, inclusive com contador regressivo e, possivelmente, os pontos com o dispositivo sonoro para deficientes visuais serão implantados em outros locais críticos.
Região Noroeste
Em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, a Biblioteca Pública Municipal abriga uma sala especial voltada para deficientes visuais. O local foi criado no ano de 2006, em parceria com a Fundação Dorina Nowill, que fornece um acervo de livros em braille e áudio. Atualmente, a sala conta com 372 títulos diferentes, sendo 192 impressos (braille) e 180 em áudio (MP3 e CDs).
O acervo da biblioteca é o mesmo disponível no Instituto dos Cegos da cidade, por isso a demanda ainda é baixa, já que muitos moradores, deficientes, acabam pesquisando os títulos na instituição. O objetivo é que o espaço ganhe cada vez mais adeptos. Aos interessados em visitá-lo, a sala fica aberta à população de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h30.
Região de Itapetininga
Em Itapetininga, o Centro de Pesquisa e Reabilitação Visual (Ceprevi) atende atualmente 60 deficientes. De acordo com a presidente da entidade, Ana Maria Murosaki Marczuk, são 40 crianças e 20 adultos. No local são feitos diversos trabalhos como habilitação, reabilitação, alfabetização em Braille, aulas de canto e atividades esportivas. Os atendimentos são gratuitos e contam com terapeuta ocupacional, pedagogos, professores de educação física e de música.
Ana Maria se enche de orgulho para falar dos projetos desenvolvidos pela entidade, principalmente pelo coral - “O grupo já tem shows agendados para todo o ano de 2012”.
Já no ramo esportivo, o Centro tem uma das únicas equipes de Goalball, um jogo ao estilo do futebol de salão adaptado para deficientes. “Eles representam a região em campeonatos estadual e nacional”, afirma Ana Maria
O Ceprevi também atende moradores São Miguel Arcanjo, Alambari, Capão Bonito, Paranapanema e Guareí. Os deficientes ainda encontram no local um acervo de livros em braille. “Somos um dos únicos pontos de leitura para eles na região”, ressalta Ana Maria .A entidade fica na Rua Sulpízio Colombo, 30, Jardim Colombo.
Dicas para se relacionar com deficientes visuais
A Associação de Sorocaba relatou também algumas dicas que podem ajudar no relacionamento com pessoas deficientes visuais e no modo de tratá-las. Confira:
A Associação de Sorocaba relatou também algumas dicas que podem ajudar no relacionamento com pessoas deficientes visuais e no modo de tratá-las. Confira:
- Ter respeito, educação e carinho;
- Não sentir pena do deficiente visual. A educação especial e a reabilitação permitem superar muitas dificuldades;
- A cegueira é uma deficiência sensorial, não é uma doença;
- Não gesticular nem apontar, pois isso não significa nada para o portador de deficiência visual. Ao indicar direções, tomar como referência a posição dele, e não a sua;
- Não pensar que os cegos têm um sexto sentido ou alguma outra compensação pela perda da visão. Eles apenas desenvolvem recursos latentes em todos nós;
- O deficiente visual não precisa adivinhar quem está falando com ele; sua memória auditiva é boa, mas é impossível se lembrar de todas as vozes. Assim é melhor identificar-se quando o encontrar e se despedir dele quando sair;
- Em ambientes desconhecidos, ou em situações novas, oferecer ao deficiente visual o maior número possível de informações, para que ele se oriente e se localize, sabendo o que está acontecendo. Evitar que ele passe momentos de tensão e desconforto;
- Os portadores de deficiência visual se interessam por tudo que interessa a você, desfrutando das coisas a seu modo;
- Um deficiente visual não é de responsabilidade exclusivamente sua, mas de toda a sociedade. E, acima de tudo, deve ser responsável por si mesmo. Não faça tudo por ele, como se fosse incapaz;
- Não é preciso dar comida na boca da pessoa com deficiência visual. Descreva os alimentos servidos, faça o prato para ela e explique onde está a comida no prato. Ela pode falhar algumas vezes, mas se arranjará sozinha.
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