03 dezembro 2010

Dia Internacional da Pessoal com deficiência - A eficiência das pessoas com deficiência

Gustavo Trevisi do Nascimento - Jornalista
 Não faz muito tempo, nós, pessoas com deficiência, vivíamos à margem da sociedade. Éramos vistos como seres inferiores, um público no qual não valia a pena investir muito. A população achava que não tínhamos sonhos e desejos. Mas temos nossas vontades e necessidades. Brincamos como qualquer outra criança; namoramos como qualquer adolescente e precisamos trabalhar como qualquer adulto.
Felizmente, nossa situação, com o passar do tempo, está mudando. A sociedade, devagar, foi abrindo seus olhos. Nosso espaço está sendo galgado e alguns direitos nos foram concedidos. Temos a lei da reserva de vagas, que garante emprego para alguns de nós, e leis sobre acessibilidade, entre outras. Na última eleição, os cadeirantes Mara Gabrilli (PSDB-SP), Rosinha da Adefal (PT do B-AL) e Walter Tosta (PMN-MG) foram eleitos deputados federais e, certamente, nos representarão no Congresso com muita competência.
Hoje, no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, chegamos à conclusão de que essas conquistas são apenas um pequeno trecho do longo caminho que precisamos percorrer para que, um dia, possamos viver em igualdade de condições com o resto da população. As calçadas e os acessos precisam ser aperfeiçoados para que possamos transitar com mais facilidade. As pessoas têm que respeitar as vagas de estacionamento e as guias rebaixadas, que são especialmente para nós. É dever das escolas a adequada preparação dos seus docentes para receber as crianças com deficiência. As empresas e instituições públicas precisam nos dar espaço e nos empregarem. Exigimos da classe política o devido respeito. Aliás, se o governador eleito Tarso Genro pretende criar a Secretaria da Mulher, por que não criar a Secretaria Estadual da Pessoa com Deficiência? A Prefeitura de Porto Alegre deve aumentar a verba da Secretaria de Acessibilidade e Inclusão Social, que é muito pequena para uma cidade do tamanho da Capital gaúcha, e os municípios do Interior do Estado têm que criar secretarias ou departamentos voltados ao nosso público.
Por outro lado, nós, pessoas com deficiência (ou os nossos responsáveis), temos que aproveitar todos os espaços e oportunidades para mostrar o nosso valor e potencialidade. Precisamos conscientizar a sociedade e a classe política de que temos anseios e desejos como qualquer outra pessoa. Assim, quem sabe, poderemos fazer de 3 de dezembro uma data de comemorações e não para reflexões.
Fonte: Correio do Povo, 3 Dez 10.


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