28 julho 2011

A comunidade como (re) construtora do processo de inclusão das pessoas com necessidades especiais

Vaneza Cauduro Peranzoni*


A comunidade, na atualidade, está sendo considerada uma (re) construtora do processo educativo e social, reunindo uma série de responsabilidades, uma vez que se faz necessária a sensibilização da vontade coletiva para que ocorra essa transformação.
Inúmeras vezes, os educadores  e comunidade em geral  questionam-se sobre o seu papel social e, nele, se defrontam com grandes desafios. Um deles – e talvez o maior da década – é a inclusão. Este tema se tornou inquietante por ser um princípio filosófico e dialético que permite ao educador humanizar-se com seus educandos, considerando a vivência com toda a evolução científica e tecnológica atual, do que pode resultar a transformação de valores e concepções, bem como a melhoria da qualidade de vida. No entanto, falar de inclusão numa sociedade caracterizada por uma série de preconceitos, por atitudes e paradigmas conservadores, assim como a brasileira, que tem 500.375 da sua população com algum tipo de deficiência (índice apresentado no censo de 2003), torna-se inviável, uma vez que o ambiente escolar ainda é preconceituoso - e levará muitos anos para alcançar a educação ideal – como um integrador, por excelência, de Pessoas com Necessidades  Especiais.
Sendo um tema bastante debatido na atualidade, a inclusão deve ser entendida como um processo a longo prazo e um princípio que visa solidificar um elo igualitário social. Ressaltando a importância de uma sociedade inclusiva, Stainback & Stainback (1999, p.26-27) frizam:
Sem dúvida, a razão mais importante para um ensino inclusivo é o valor social da igualdade. Ensinamos os alunos através do exemplo de que, apenas das diferenças, todos nós temos direitos iguais. Em contraste com experiências passadas de segregação, a inclusão reforça a prática da idéia de que as diferenças são aceitas e respeitadas.
Nunca o tema da inclusão de pessoas com algum tipo de deficiência esteve tão presente no dia-a-dia da educação. Esse termo pode ter inúmeros conceitos, significados e várias representações, podendo ser analisado e avaliado em diferentes dimensões, já que o contexto social, político e econômico provém de meios culturais diferentes. Assim, a inclusão é entendida como um ideal que pressupõe um mundo diferente do atual, em que a agressividade e a competitividade não sejam tão avassaladoras; um mundo no qual  cooperação e piedade não tenham o mesmo sentido.
Para que a inclusão surta o efeito a que se propõe e não reforce o sentimento de exclusão do “incluído”, é necessário que a escola, a universidade,  a sociedade e mesmo a família desmistifiquem o conceito de diferença/ deficiência. Inclusão, portanto, é um termo que expressa compromisso com  cada sujeito, elevando ao máximo seu potencial, desenvolvendo-o de maneira apropriada.
No entanto, inquietações mais relevantes se fazem presentes no momento e exigem iniciativas articuladas de todas as forças vivas da comunidade para promover ações práticas na implementação dos direitos e garantias das pessoas com necessidades especiais.

* Mestre em Educação. Professora UNICRUZ. Conselheira do CMPD.

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